Saint Laurent Verão 2026: A geografia do desejo em plena luz do dia
- Danielle Moreira
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
Saint Laurent Verão 2026 propõe uma elegância contida, onde desejo e luz se encontram em plena tarde parisiense.

Foto: Divulgação
No coração da Bourse de Commerce, em Paris, a nova coleção masculina de Verão 2026 da Saint Laurent desdobra-se como um sussurro entre o passado e o presente, um gesto delicado que atravessa gerações, da Fire Island de artistas esquecidos à Paris luminosa de agora.

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Para esta temporada, Anthony Vaccarello escolhe não a noite habitual, mas a clareza da luz da tarde. Um gesto deliberado. Nada de brilhos artificiais, apenas a presença total da luz seca, que não exibe, mas sustenta. O cenário é silencioso e potente: a instalação "clinamen", de Céleste Boursier-Mougenot, ocupa o espaço com uma bacia circular onde tigelas de porcelana colidem suavemente, desenhando linhas invisíveis na água. O som sutil dos impactos cria uma coreografia involuntária, uma ressonância sem intenção, uma metáfora para a coleção.
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Vaccarello constrói sua narrativa em torno da ideia de uma sensualidade contida. Não há teatralidade, apenas silhuetas esculpidas com leveza. As formas flutuam, em vez de prender. Cinturas marcadas, ombros alongados, tecidos que tocam a pele com discrição: seda, náilon, algodão respirável. A paleta é murmurada, tons de areia, sal, ocre pálido, musgo seco e azul piscina.
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Essa é uma coleção que homenageia sem declarar, que olha para 1974, ano em que Yves Saint Laurent se retirou do mundo para criar algo novo, não como memória, mas como linha contínua. As referências não se anunciam.

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Shorts curtos podem lembrar os usados por um jovem Yves, mas não há citação direta, apenas recorrência. O desejo não é explicado. O corpo, tampouco.
Anthony Vaccarello não presta tributo. Ele prolonga o gesto.
Entre o silêncio e a exposição, a Saint Laurent propõe uma nova elegância, ambígua, plena, inevitável.
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