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Schiaparelli Alta-Costura 2026: Passado e Futuro em Colisão

Schiaparelli Alta-Costura 2025 revisita o surrealismo de Elsa com cortes leves, bordados oníricos e uma nova visão para o futuro da moda.

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Foto: Schiaparelli

Há algo de poderoso em ver um desfile que não se rende nem ao saudosismo nem ao futurismo caricato, e Daniel Roseberry sabe bem como equilibrar essas duas pontas. Na alta-costura da Schiaparelli, o tempo não é uma linha reta. É um espelho partido. Um tropeço entre o que Elsa deixou e o que ainda pode ser inventado.

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Com o tema Back to the Future, a coleção olha para um marco biográfico: o momento em que, em 1940, Elsa deixa Paris por Nova York em plena Segunda Guerra. Mas a escolha de Roseberry vai além da história. É sobre transformação. É sobre virar o jogo criativo, como ela fez. E é também um manifesto: dá pra ser radical sem precisar se vestir de ficção científica.

A silhueta continua teatral, mas de um jeito mais respirável. Nada de espartilhos sufocantes, no lugar, cortes que abraçam o corpo sem dominar. A jaqueta “Elsa” com ombros marcados é quase uma declaração de força gentil. E aí entra o delírio bom: vestidos bordados com olhos, lágrimas de seda, bijuterias que parecem ter vindo de outro plano, mãos pintadas nas pálpebras. É Schiaparelli em estado puro, mas em outra frequência.

Um dos momentos mais hipnóticos do desfile é o look com um coração anatômico pulsante preso à um peitoral localizado nas costas da peça, batendo de verdade, como se lembrasse que por trás do espetáculo ainda há carne, vida e emoção.

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Os códigos da casa estão todos lá, só que menos gritantes. Um botão em forma de olho aqui, um buraco de fechadura ali, cerâmicas feitas à mão, texturas que enganam o olhar. Tudo aparece como quem cochicha ao pé do ouvido, e não como quem precisa gritar sua herança.

No texto que acompanhava o desfile, Roseberry escreveu: “É fácil demais romantizar o passado.” E tem razão. A homenagem que ele presta a Elsa não está na repetição, mas na ousadia de imaginar o novo com a mesma coragem que ela teve.

O resultado é uma coleção que desconcerta e seduz, como todo bom surrealismo deve ser. Porque, no fim, sonhar com o futuro talvez seja a maneira mais precisa de entender o presente.

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