Entrelaços do Tempo: a estreia de Louise Trotter na Bottega Veneta
- Danielle Moreira
- 30 de set.
- 2 min de leitura
A Bottega Veneta celebra 60 anos com a estreia de Louise Trotter, em uma coleção que entrelaça herança e contemporaneidade.

Foto: Divulgação
A temporada Summer 2026 inaugura uma nova era para a Bottega Veneta. À frente da direção criativa, Louise Trotter propõe um retorno às origens para revelar o presente, reafirmando o valor do artesanato como essência da maison. Em seu olhar, o “bottega” é mais do que um ateliê: é um espaço de encontro entre mãos e corações, onde o ofício ganha sentido no vestir.

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A coleção se constrói a partir de três polos criativos: a extravagância veneziana, a energia nova-iorquina e o essencialismo milanês, referências que também ecoam na trajetória da casa e na memória de Laura Braggion, a primeira mulher a assumir a direção criativa da marca nos anos 1980. Mas é o Intrecciato, trama de tiras de couro concebida por Renzo Zengiaro, que retorna como verdadeiro alicerce da narrativa. Suave e moldável, o entrelaçado clássico de 9mm/12mm se renova em bolsas e, de maneira metafórica, permeia as roupas, evocando a ideia de que a união de diferentes partes cria um todo mais forte.
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No vestuário, Trotter rompe fronteiras entre o masculino e o feminino ao recorrer à tradição da alfaiataria italiana. Tecidos leves de verão encontram estruturas precisas, revelando uma alfaiataria disciplinada e ao mesmo tempo fluida. Trench coats em nappa leather, vestidos de noite com forros de algodão e cortes que dialogam com a alfaiataria masculina demonstram a fusão entre rigor e suavidade, característica que se torna a espinha dorsal da coleção.
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As bolsas, por sua vez, funcionam como capítulos vivos da história da maison. Clássicos retornam em novas leituras: a Lauren surge com proporções reinventadas, o icônico Knot adquire formas mais maleáveis, enquanto o Cabat se desdobra em clutch, expandindo seu legado até mesmo para as construções de ombros em roupas. Ao lado deles, novos modelos como a Squash, a Framed Tote alongada e a Crafty Basket, revelam a capacidade da Bottega de reinventar sua tradição com sofisticação e ousadia.

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Para marcar os 60 anos da casa, Louise Trotter convidou o artista e cineasta Steve McQueen a criar a trilha sonora do desfile. O resultado, intitulado ’66 – ’76, tece um diálogo entre as vozes de Nina Simone e David Bowie em diferentes interpretações de Wild Is the Wind, entrelaçadas em um dueto inédito. Um verdadeiro intrecciato sonoro que traduz, em música, a proposta de Trotter: colocar lado a lado elementos distintos, mas complementares, que juntos se tornam algo novo.

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Como resume a diretora criativa: “A linguagem da Bottega Veneta é o Intrecciato. É um entrelaçamento que cria algo mais forte, um todo construído a partir de partes diferentes, pessoas, histórias e lugares.” Assim, sua estreia não é apenas uma coleção, mas um manifesto sobre herança, colaboração e modernidade.